A trilha sonora repleta de temas de jazz, a fotografia em
preto e branco e o tom existencialista da trama são elementos que deixam bem
claras as influências dos diretores Vitor Graize e Rodrigo de Oliveira em “As
horas vulgares” (2011). Passam pelas obsessões estéticas e temáticas de
Michelangelo Antonioni na Trilogia da Incomunicabilidade e de Ingmar Bergman na
Trilogia do Silêncio, pelas atmosferas rarefeitas dos filmes de Philippe Garrel
e pela sutileza melancólica do extraordinário “Trintas anos esta noite” (1963).
O resultado final do referido filme brasileiro, entretanto, fica bem longe do
alto padrão artístico de suas fontes inspiradoras. A produção até tem uma
fotografia caprichada, além do elenco trazer alguns atores de recursos dramáticos
expressivos. “As horas vulgares” não funciona é como narrativa mesmo – tudo soa
muito truncado, forçado, não havendo naturalidade em sua encenação. Culpa disso
também é também de um roteiro equivocado, em que não há espaço para a construção
de um subtexto, de uma possibilidade de interpretação por parte do espectador;
os personagens dizem tudo o que sentem e também o significado do que sentem,
configurando um texto de caráter ingênuo. Num comparativo, o filme me parece o
equivalente cinematográfico do disco “4” dos Los Hermanos: a gente até sente
que os caras tem talento, mas a pretensão em ser “profundo” e “sério” acaba
gerando uma obra aborrecida e carente de personalidade definida.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Otima pedida do nosso cinema.
Postar um comentário