Peter Doherty, vocalista e guitarrista da extinta banda
Libertines, sempre encarnou uma espécie de atualização para o nosso presente dos
jovens poetas ultra-românticos do século XIX: de feições entre o inocente e o blasé,
comportamento polêmico e autodestrutivo e arte intensa à flor da pele. Dessa
forma, foi uma bela sacada da diretora Sylvie Verheyde colocá-lo como protagonista
em “Confissões de um jovem apaixonado” (2012), versão cinematográfica para um
romance situado em 1830, cuja trama traz Octave (Doherty), rapaz que após uma
desilusão amorosa entra num vórtice de autopiedade, hedonismo e culpa. Verheyde
revela alguma sensibilidade plástica ao construir cenas impregnadas de
fotografia esmaecida e etérea, o que acaba rendendo uma atmosfera estranha que
varia entre o ascético e o sensual. O problema da produção é que a equação
entre cinema e literatura não consegue atingir uma melhor desenvoltura – a abordagem
formal da cineasta é naturalista, mas narração e diálogos trazem uma
literalidade e solenidade que tornam a fluência da narrativa bastante truncada,
induzindo por vezes à monotonia.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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Um comentário:
To curioso em ver esse.
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