terça-feira, setembro 24, 2013

Confissões de um jovem apaixonado, de Sylvie Verheyde **1/2


Peter Doherty, vocalista e guitarrista da extinta banda Libertines, sempre encarnou uma espécie de atualização para o nosso presente dos jovens poetas ultra-românticos do século XIX: de feições entre o inocente e o blasé, comportamento polêmico e autodestrutivo e arte intensa à flor da pele. Dessa forma, foi uma bela sacada da diretora Sylvie Verheyde colocá-lo como protagonista em “Confissões de um jovem apaixonado” (2012), versão cinematográfica para um romance situado em 1830, cuja trama traz Octave (Doherty), rapaz que após uma desilusão amorosa entra num vórtice de autopiedade, hedonismo e culpa. Verheyde revela alguma sensibilidade plástica ao construir cenas impregnadas de fotografia esmaecida e etérea, o que acaba rendendo uma atmosfera estranha que varia entre o ascético e o sensual. O problema da produção é que a equação entre cinema e literatura não consegue atingir uma melhor desenvoltura – a abordagem formal da cineasta é naturalista, mas narração e diálogos trazem uma literalidade e solenidade que tornam a fluência da narrativa bastante truncada, induzindo por vezes à monotonia.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

To curioso em ver esse.