quarta-feira, setembro 04, 2013

Augustine, de Alice Winocour ***


A temática da psiquiatria não é uma novidade no cinema, principalmente no que diz respeito a roteiros inspirados em fatos reais. Do emblemático “Freud além da alma” (1962) até o recente “Um método perigoso” (2011), o estudo das doenças e meandros da mente renderam algumas obras de interesse. Nesse caso, também pode ser enquadrada a produção francesa “Augustine” (2012), cuja trama é baseada nos estudos sobre a histeria do professor Jean-Martin Charcot (aqui interpretado com a habitual sobriedade de Vincent Lindon). A narrativa é até bastante convencional e o próprio formalismo do filme não chega a transcender dos limites do competente, além do roteiro por vezes enveredar por um certo romantismo incômodo. Apesar de tais limitações, entretanto, o filme ganha interesse pela sutileza com que expões contradições e dilemas. A atmosfera sombria e rigorosa de “Augustine” traz em seu bojo a velha discussão (mas ainda muito atual) do conflito entre o obscurantismo religioso contra a busca da ciência por respostas mais verossímeis e humanas para os distúrbios mentais. Na visão do filme, por mais que os métodos de Charcot possam ser severos e por vezes de resultados duvidosos, ainda sim representam uma busca mais digna do que o simples conformismo mistificador.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Assistirei com certeza.