terça-feira, setembro 17, 2013

Rugas, de Ignacio Ferreras ***


O traço simples e a narrativa tradicional representam uma superfície que esconde com sutileza os grandes méritos inquietantes da animação espanhola “Rugas” (2011). A trama é centrada num asilo, tendo como protagonistas dois idosos que encaram de forma nada idealizada as agruras da velhice (abandono, doenças, decadência física). A abordagem do diretor Ignacio Ferreras por vezes se permite uma razoável dose de bom humor e ironia, mas o que prevalece é um certo tom amargo nessa crônica crepuscular. O fato do cineasta ter preferido enveredar pelo desenho animado para contar a história ampliou as possibilidades criativas do filme, pois possibilitou convincentes e belas cenas envolvendo sonhos, delírios e recordações, todas situações que são inerentes à condição dos personagens. E nesse sentido, “Rugas” acaba sendo fortemente humano e contundente na forma com que retrata o desenvolvimento do Mal de Alzheimer em um dos personagens. Entretanto, apesar de toda essa melancolia, o filme se permite a um final de caráter discretamente redentor e que revela uma serena coerência com a abordagem temática da obra.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Humm, acredito que esse filme tenha passado no Santander cultural.