As influências de Betse Paula em “Vendo ou alugo” (2012) são
bastante visíveis. A diretora procura resgatar aquela estética descompromissada
e popular das comédias/chanchadas setentistas, principalmente na vertente que
exaltava o alto-astral carioca, cujo modelo maior são algumas produções
dirigidas por Hugo Carvana. Ocorre que hoje em dia, como se pode em filmes
recentes do próprio Carvana, tal concepção formal soa bastante datada. É claro
que por vezes pode-se simpatizar com o tom de fuleiragem de algumas cenas, com
algumas atuações carismáticas, com o interessante contraste/complementação que
se estabelece entre o ambiente das favelas com a decadência classe-média (nesse
sentido, daria até para dizer que ocorre um registro emblemático da atual
conjuntura brasileira). O que predomina, entretanto, em “Vendo ou alugo” é a
sensação de que sempre está faltando alguma coisa no meio de uma encenação que
beira o mambembe e da ausência de uma efetiva tensão dramática, o que faz com
que a obra seja incapaz de apresentar alguma seqüência memorável para o imaginário
do espectador.
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