terça-feira, setembro 10, 2013

Vendo ou alugo, de Betse Paula **


As influências de Betse Paula em “Vendo ou alugo” (2012) são bastante visíveis. A diretora procura resgatar aquela estética descompromissada e popular das comédias/chanchadas setentistas, principalmente na vertente que exaltava o alto-astral carioca, cujo modelo maior são algumas produções dirigidas por Hugo Carvana. Ocorre que hoje em dia, como se pode em filmes recentes do próprio Carvana, tal concepção formal soa bastante datada. É claro que por vezes pode-se simpatizar com o tom de fuleiragem de algumas cenas, com algumas atuações carismáticas, com o interessante contraste/complementação que se estabelece entre o ambiente das favelas com a decadência classe-média (nesse sentido, daria até para dizer que ocorre um registro emblemático da atual conjuntura brasileira). O que predomina, entretanto, em “Vendo ou alugo” é a sensação de que sempre está faltando alguma coisa no meio de uma encenação que beira o mambembe e da ausência de uma efetiva tensão dramática, o que faz com que a obra seja incapaz de apresentar alguma seqüência memorável para o imaginário do espectador.

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