É claro que a estética árida de “Cores” (2012) não faz com
que espectador tenha arroubos de entusiasmo. É de se considerar, entretanto, que
tal proposta formal tem coerência com a visão temática que permeia a trama – a da
falta de perspectivas econômicas para a juventude de classe média baixa no
Brasil da era petista. O trio de protagonistas
da obra em questão vivem naquela fronteira entre deprimentes subempregos e
pequenas contravenções. Nesse sentido, a narrativa seca e de tom monocórdio
acentua ainda mais a atmosfera depressiva e desesperançada do filme. O fato da
história se desenrolar na periferia de São Paulo reforça esse clima cinzento.
Apesar de todo esse baixo astral, o diretor Francisco Garcia consegui inserir
algumas boas sacadas irônicas, o que dá uma dimensão mais humana para o filme. A
direção de fotografia em preto e branco surpreende pela criatividade de seus
enquadramentos e movimentos de câmara, valorizando cenários decadentes e/ou
corriqueiros, extraindo até mesmo uma estranha beleza desse visual urbano
terceiro-mundista. De se ressaltar também a sobriedade das composições dramáticos
de seu trio principal de atores, que conseguem trazer uma variação expressiva
de expressões, indo do contido desespero até uma melancólica resignação.
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