terça-feira, janeiro 28, 2014

Cores, de Francisco Garcia **1/2


É claro que a estética árida de “Cores” (2012) não faz com que espectador tenha arroubos de entusiasmo. É de se considerar, entretanto, que tal proposta formal tem coerência com a visão temática que permeia a trama – a da falta de perspectivas econômicas para a juventude de classe média baixa no Brasil da era petista. O trio de protagonistas da obra em questão vivem naquela fronteira entre deprimentes subempregos e pequenas contravenções. Nesse sentido, a narrativa seca e de tom monocórdio acentua ainda mais a atmosfera depressiva e desesperançada do filme. O fato da história se desenrolar na periferia de São Paulo reforça esse clima cinzento. Apesar de todo esse baixo astral, o diretor Francisco Garcia consegui inserir algumas boas sacadas irônicas, o que dá uma dimensão mais humana para o filme. A direção de fotografia em preto e branco surpreende pela criatividade de seus enquadramentos e movimentos de câmara, valorizando cenários decadentes e/ou corriqueiros, extraindo até mesmo uma estranha beleza desse visual urbano terceiro-mundista. De se ressaltar também a sobriedade das composições dramáticos de seu trio principal de atores, que conseguem trazer uma variação expressiva de expressões, indo do contido desespero até uma melancólica resignação.

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