Dentro de um gênero tão usado e abusado nos últimos tempos
como o do drama intimista, o diretor Vinícius Reis até que consegue surpreender
em “Noites de reis” (2012). Para isso, ele se vale de recursos estéticos que
valorizam muito o aspecto sensorial da narrativa. O fato da trama se desenvolver
numa pequena cidade histórica litorânea do Rio de Janeiro se encaixa de forma
oportuna nessa proposta, em que filmagens subaquáticas e a direção de
fotografia que usa com sabedoria a luminosidade natural abundante dos cenários parecem
se relacionar de maneira intrínseca com os dilemas existenciais do casal protagonista.
Outro ponto expressivo da produção é a inserção da música como elemento
narrativo – o roteiro que envolve uma família desagregada em busca de equilíbrio
se relaciona com as manifestações folclóricas das apresentações noites de reis
que se realizam naquela localidade. Nesse sentido, essas últimas funcionam como
uma espécie de comentários cancioneiros que ilustram os dramas dos personagens
do filme, nos moldes daqueles coros clássicos das tragédias gregas. A obra
adquire um tom de fábula moral, ainda que com um caráter realista, em que o seu
final em aberto é muito mais contundente do que se optasse por um óbvio happy
end.
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