quarta-feira, janeiro 29, 2014

Noites de reis, de Vinícius Reis ***


Dentro de um gênero tão usado e abusado nos últimos tempos como o do drama intimista, o diretor Vinícius Reis até que consegue surpreender em “Noites de reis” (2012). Para isso, ele se vale de recursos estéticos que valorizam muito o aspecto sensorial da narrativa. O fato da trama se desenvolver numa pequena cidade histórica litorânea do Rio de Janeiro se encaixa de forma oportuna nessa proposta, em que filmagens subaquáticas e a direção de fotografia que usa com sabedoria a luminosidade natural abundante dos cenários parecem se relacionar de maneira intrínseca com os dilemas existenciais do casal protagonista. Outro ponto expressivo da produção é a inserção da música como elemento narrativo – o roteiro que envolve uma família desagregada em busca de equilíbrio se relaciona com as manifestações folclóricas das apresentações noites de reis que se realizam naquela localidade. Nesse sentido, essas últimas funcionam como uma espécie de comentários cancioneiros que ilustram os dramas dos personagens do filme, nos moldes daqueles coros clássicos das tragédias gregas. A obra adquire um tom de fábula moral, ainda que com um caráter realista, em que o seu final em aberto é muito mais contundente do que se optasse por um óbvio happy end.

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