A ideia de colocar o monstro Frankenstein, personagem criado
originalmente dentro do gênero horror, como um herói de aventuras fantásticas não
é nova, mas também não quer dizer que não seja uma concepção interessante. A
DC, por exemplo, tem uma série em quadrinhos atual usando a criatura como um
super-herói e o resultado são algumas histórias bastante divertidas. Cabe
ressaltar, entretanto, que apesar da mudança de gênero, os roteiristas do gibi
em questão tiveram o cuidado de preservar a essência do personagem, aquilo que
o tornou uma das figuras fictícias mais conhecidas na cultura popular do final
do século XIX até hoje. O filme “Frankenstein – Entre anjos e demônios” (2013) é
baseado numa graphic novel (que eu confesso que não li) e também traz o monstro
caracterizado como um aventureiro durão no meio de uma trama envolvendo uma
guerra entre gárgulas celestiais (!?) e demônios (que, na realidade, mais
parecem vampiros). O resultado é um verdadeiro samba do crioulo doido. Para
começar, não dá para acreditar num Frankenstein que está mais para um galã boa
pinta com algumas cicatrizes e com cara de poucos amigos do que para uma
criatura grotesca composta de pedaços de cadáveres. Até o ator Aaron Eckart
parece constrangido nesse papel infame, numa interpretação desprovida de
carisma. Já o roteiro é um primor de derivativo a um ponto que tudo soa tão
banal que se mostra incapaz de geral qualquer tensão. No mais, a direção de
Stuart Beattie é de uma mesmice atroz – sua encenação beira o amador, tendo
como muleta efeitos especiais digitais estilo video game incapazes de gerar
alguma seqüência memorável. Ou seja, quem gosta do velho Frank deve procurar ou
esperar alguma outra obra a aparecer nos cinemas, locadoras ou até mesmo bancas,
pois essa arapuca oportunista é um dos exemplares menos dignos a se aproveitar
da criação máxima de Mary Shelley.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário