sexta-feira, janeiro 31, 2014

Frankenstein - Entre anjos e demônios, de Stuart Beattie *


A ideia de colocar o monstro Frankenstein, personagem criado originalmente dentro do gênero horror, como um herói de aventuras fantásticas não é nova, mas também não quer dizer que não seja uma concepção interessante. A DC, por exemplo, tem uma série em quadrinhos atual usando a criatura como um super-herói e o resultado são algumas histórias bastante divertidas. Cabe ressaltar, entretanto, que apesar da mudança de gênero, os roteiristas do gibi em questão tiveram o cuidado de preservar a essência do personagem, aquilo que o tornou uma das figuras fictícias mais conhecidas na cultura popular do final do século XIX até hoje. O filme “Frankenstein – Entre anjos e demônios” (2013) é baseado numa graphic novel (que eu confesso que não li) e também traz o monstro caracterizado como um aventureiro durão no meio de uma trama envolvendo uma guerra entre gárgulas celestiais (!?) e demônios (que, na realidade, mais parecem vampiros). O resultado é um verdadeiro samba do crioulo doido. Para começar, não dá para acreditar num Frankenstein que está mais para um galã boa pinta com algumas cicatrizes e com cara de poucos amigos do que para uma criatura grotesca composta de pedaços de cadáveres. Até o ator Aaron Eckart parece constrangido nesse papel infame, numa interpretação desprovida de carisma. Já o roteiro é um primor de derivativo a um ponto que tudo soa tão banal que se mostra incapaz de geral qualquer tensão. No mais, a direção de Stuart Beattie é de uma mesmice atroz – sua encenação beira o amador, tendo como muleta efeitos especiais digitais estilo video game incapazes de gerar alguma seqüência memorável. Ou seja, quem gosta do velho Frank deve procurar ou esperar alguma outra obra a aparecer nos cinemas, locadoras ou até mesmo bancas, pois essa arapuca oportunista é um dos exemplares menos dignos a se aproveitar da criação máxima de Mary Shelley.

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