Era bastante provável que os filmes da franquia “Jackass”
acabassem evoluindo para algo diferente além das tradicionais cenas de dublês
envolvidos em práticas físicas perigosas e não muito ortodoxas (ainda que tais
produções sejam bastante eficientes como diversão inconsequente). “Jackass 3D”
(2010) já indicava essa tendência, ao trazer sequências “dramatizadas”
envolvendo Johnny Knoxville interpretando um velhinho safado e sem noção e
interagindo com desavisados achando que se tratavam de situações reais os episódios
de constrangimento provocados pelo falso idoso. Curiosamente, eram os melhores
momentos do filme. Dessa forma, não é surpresa que “Vovô sem vergonha” (2013)
traga novamente tal personagem, tendo como mote principal justamente a interação
entre encenação ficcional e documentário. Esse tipo de estrutura narrativa não é
propriamente uma novidade, vide o hilariante “Borat” (2006). O resultado final
de “Vovô sem vergonha”, entretanto, fica bem aquém da comédia protagonizada
por Sacha Baron Cohen. Um dos principais problemas da produção é o seu roteiro,
muito derivativo e que não abre espaços para muitas ousadias cômicas. A
narrativa trôpega concebida pelo diretor Jeff Tremaine apresenta um excesso de
tempos mortos e piadas sem graças. O que faz o filme valer um pouco a pena é a seqüência
no concurso de beleza infantil, que representa o momento em que o humor brutal
típico do “Jackass” se mostra corrosivo ao gozar de forma impiedosa a
superficialidade grotesca da sociedade interiorana norte-americana. Mesmo
assim, é muito pouco para quem já produziu tantos momentos antológicos de
comicidade brutalista.
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