Vi “De gravata e unha vermelha” (2014) em uma sessão de meio
de tarde de um sábado numa sala de cinema alternativa de Porto Alegre. Contando
comigo, havia quatro pessoas na plateia, sendo que duas delas eram um casal
homossexual. Não costumo começar um texto meu para esse blog com uma descrição
inicial dessas, mas acho que contextualizar dessa forma ajudar a dar uma idéia do
alcance e importância de uma obra como a produção em questão. Seria fácil
apenas criticar a estrutura narrativa previsível concebida pela diretora Miriam
Chnaiderman, dizer que a fórmula de ficar apenas colhendo depoimentos é
manjada. Mas o objetivo do filme não é cativar o espectador pelos seus méritos
formais. O que vale aqui realmente é a força de sua temática, e nisso não dá
para tirar o mérito de Chnaiderman – sua obra é efetivamente intrigante e de
forte caráter humanista na forma com que expõe as experiências pessoais e as
visões existenciais de seus protagonistas relativas à questão da
homossexualidade em suas mais diversas facetas. A franqueza dos entrevistados e
a ênfase na complexidade das histórias mostradas, que se afastam dos lugares
comuns e estereótipos frequentes, dão ao documentário um teor perturbador e
contestatório, principalmente para aqueles que acham uma demasiada ousadia as
caracterizações caricaturais e preconceituosas que boa parte dos meios de
expressão cultural (com destaque para as novelas televisivas) adotam como
direcionamento artístico ao abordarem o assunto. Nesse sentido, dá para
entender perfeitamente porque “De gravata e unha vermelha” esteja longe dos
cinemas de shopping...
Um comentário:
É um filme para ser visto por todos mas não basta somente nós dizermos isso.
Postar um comentário