Depois de emular trejeitos estéticos típicos da Nouvelle
Vague em “Frances Ha” (2012), o diretor Noah Baumbach retoma aquela sua pegada
mais tradicional de drama indie em “Enquanto somos jovens” (2014). Nessa
levada, essa sua obra mais recente pouco difere da abordagem formal e temática
de outros filmes do diretor a adotarem a formatação de drama com pequenos
toques cômicos como “Margot e o casamento” (2007) e “O solteirão” (2009), e não
atingindo a mesma consistência artística de “A lula e a baleia”, ainda o seu
melhor trabalho (2005). Ainda sim, “Enquanto somos jovens” é uma obra de fôlego.
A estrutura de seu roteiro evoca muito de uma das maiores obras primas de Woody
Allen, “Crimes e pecados” (1989), na discussão que estabelece entre a natureza
e a legitimação da arte. No confronto moral e estético entre os documentaristas
Josh (Ben Stiller) e Jamie (Adam Driver), as resoluções da trama por vezes até
conseguem fugir do óbvio, em que a defesa pela ética no “cinema verdade” por
parte de Josh acaba se revelando ingênua e estéril diante da excelência
sensorial do produto final elaborado por Jamie. Esse dilema central do filme é
exposto com uma sutileza textual admirável, o que acaba sendo o grande ponto
forte de “Enquanto somos jovens”. Sua abordagem formal está longe de ser
arrebatadora, mas é eficiente em termos de narrativa cinematográfica. Além
disso, há alguns detalhes que garantem uma empatia com o público,
principalmente aquela ala que curte o universo “indie”, como a trilha sonora
concebida por James Murphy (o líder do sensacional LCD Soundsystem) e o carismático
elenco – nesse último quesito, com direito à participação bem humorada como
coadjuvante da rapper Adam Horovitz dos Beastie Boys.
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