Por terem sido lançados com diferença de poucas
semanas no corrente ano e estarem enquadrados no mesmo gênero cinematográfico
(ficção científica), “Tomorrowland – Um lugar onde nada é impossível” e “Mad
Max – A estrada da fúria” acabaram sendo comparados entre si, no sentido que o
primeiro teria uma visão mais otimista sobre o futuro enquanto o segundo
enveredava para a distopia típica de um cenário pós-apocalíptico. Dá para dizer
que além dessa relação há uma outra perspectiva pela qual tais obras se ligam –
a de que ambas praticam estilos de filmar que remetem a produções de aventura
dos anos 80. No caso específico de “Tomorrowland”, o que mais vem à cabeça são
alguns filmes de Steven Spielberg, principalmente “Contatos imediatos de
terceio grau” (1977) e “ET” (1982). Dá para dizer que pelo menos em uma virtude
o diretor Brad Bird faz justiça à comparação: o cara tem uma ótima mão para as
cenas de ação, bastante caprichadas em termos de clareza visual e coreografias
mirabolantes. Além disso, há uma equação eficiente na combinação de efeitos
especiais e direção de arte repletos de inventividade e requinte visual (nesse
sentido, acaba-se lembrando de outro clássico de Spielberg no gênero, o
extraordinário “Minority Report”). O que emperra “Tomorrowland” para que atinja
o mesmo patamar artístico de suas fontes inspiradoras é o seu roteiro problemático,
onde se pode perceber suas boas ideias temáticas, mas que recebem um tratamento
textual repleto de excessos sentimentais, além da falta de sutileza na exposição
de seu subtexto. Tais equívocos acabam por truncar a narrativa ao fazer o filme
enveredar em seqüências cheias de discursos entre o solene e o edificante.
Ainda que esses pontos negativos causem decepção, ainda mais por se tratar de
um filme do cara que criou a alucinante obra-prima “Os incríveis” (2004), “Tomorrowland”
é uma obra de aventura bem mais convincente do que boa parte dos “produções
pipocas” que apareceram nos últimos meses.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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