Dá para dizer que pelo menos nos últimos 20 anos o diretor
francês André Téchiné adotou um modus operandi recorrente em seus filmes – a
partir de gêneros cinematográficos bem definidos, basicamente melodrama e
suspense, ele delineia um estilo particular de filmar, adotando um formalismo
elegante e uma atmosfera de distanciamento emocional, além de preservar uma
precisa direção de seus elencos. Esse estilo autoral tem se mantido em suas
produções, com grau variado de inspiração. Em “O homem que elas amavam demais” (2014),
a abordagem estética/temática é a mesma de suas obras mais recentes. A
narrativa é conduzida de forma bastante sintética, por vezes até beirando o elíptico,
com Téchiné parecendo querer cortar excessos de qualquer natureza. Os dois
terços iniciais do filme são eficientes de acordo com a proposta artística do
cineasta: a caracterização de situações e personagens não cai em facilidades
maniqueístas e simplificações exageradas, sendo que tanto a crueza da encenação
quanto a sobriedade do roteiro constroem uma envolvente tensão dramática e também
uma dimensão humana de forte contundência. De se valorizar ainda a força das
interpretações do trio Catherine Deneuve, Guillaume Cannet e Adèle Haenel que torna
tudo ainda mais magnético para espectador. No terço final, entretanto, a produção
cai em alguns convencionalismos banais, principalmente pelo fato da narrativa
se converter num típico “filme de tribunal”, tirando bastante da sua força
criativa. Ainda que com essa conclusão frustrante, “O homem que elas amavam
demais” mostra que Téchiné é ainda aquele tipo de diretor que motiva a visitar
a sala de cinema.
Um comentário:
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