A boa trilha sonora de “Quase samba” (2012) é uma espécie de
reflexo da proposta artística do filme – composta basicamente por temas
incidentais criados por Pupilo e canções de Céu, Otto e Arnaldo Antunes, traz
aquela já típica combinação de elementos populares/bregas e toques
vanguardistas/experimentais. E a produção dirigida por Ricardo Targino se
desenvolve justamente nessa fronteira entre o tradicional e a esquisitice estética/poética.
É possível perceber em alguns momentos as intenções ambiciosas de Targino na
sua conjugação de crítica social e comportamental e referências culturais
(nesse último caso, principalmente na ênfase que se dá ao lado musical do
filme). O problema da obra é que as suas pretensas ousadias formais e temáticas
não conseguem se efetivar em uma narrativa equilibrada. Pelo contrário: a
impressão constante é de que se está diante de um mosaico fragmentado e frouxo,
em que as cenas se sucedem em um certo tom aleatório, como se “Quase samba”
fosse um conjunto mal amarrado de números musicais e trechos difusos de encenação
beirando o mambembe. As próprias atuações do elenco são marcadas por um
involuntário tom caricatural. É provável que a produção tivesse um impacto
sensorial maior se Targino tivesse optado definitivamente por uma abordagem
antinaturalista. Do jeito que ficou, dá uma impressão de indecisão criativa que
torna “Quase samba” uma experiência cinematográfica cansativa e pouco memorável.
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