Não há em “O Lobisomem” (2010) uma pretensão de estabelecer novos parâmetros para o gênero da licantropia cinematográfica como foi feito em clássicos como “Um Lobisomem Americano em Londres” e “Gritos de Horror” (ambos de 1981). O que o diretor Joe Johnston realizou foi uma releitura/homenagem ao filme homônimo de 1941. E nesse sentido, “O Lobisomem” é eficiente na sua proposta. Apesar de alguns efeitos digitais, Johnston optou por uma caracterização clássica da direção de arte e do próprio monstro (que realmente lembra muito a criatura original da obra quase setentona). A narrativa apresenta uma tendência preponderante para a estilização. A Inglaterra interiorana do final de século XIX que é pano de fundo para a produção é um lugar ligado muito mais a um imaginário de velhas películas de horror do que a uma rigorosa recriação histórica realista. Vale mencionar também que a própria transformação do protagonista Larry Talbot (Benicio Del Toro) em um lobo humano não é explicitada em todos os seus passos, valendo-se de uma dose de sugestão. Complementando a opção estética de Johnston, as interpretações de Del Toro e Anthony Hopskin valem-se mais de trejeitos canastrões e exagerados do que de sutilezas dramáticas, enquanto Emily Blunt compõe uma mocinha apaixonada e indefesa com considerável competência.
2 comentários:
Caro André
Parabéns pelo seu blog, muito bacana mesmo.
Ao contrário do que você falou, eu achei a interpretação de Del Toro extremamente contida e de acordo com a alma de seu personagem. Acho que ele é uma espécie de mr. Darcy (do Orgulho e Preconceito, outra obra vitoriana) mais simpático e mais amargurado.
Novamente, parabéns pelo blog.
Prezado J. Luca.
Obrigado pelo elogio. Em relação ao Benicio Del Toro, mesmo essa contenção dele tem algo de ostensivo, mas isso não é um defeito. Na verdade, esté em perfeita sintonia com o espírito do filme.
Abraços
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