Assim como em “O Incrível Sr. Raposo” (2009), “Onde Vivem os Monstros” (2009) enquadra uma fábula infantil e moral sob uma perspectiva pessoal e adulta. No filme de Spike Jonze, entretanto, busca-se uma visão mais psicológica e metafórica do comportamento infantil. Os monstros do título representam facetas, tanto óbvias como obscuras, de atitudes de crianças e adultos, refletindo a visão do protagonista mirim Max (Max Records) sobre o mundo que o rodeia. Dessa forma, a coerência de personagens e situações na trama de “Onde Vivem os Monstros” condiciona-se à inconstante imaginação do nosso herói. Os monstros são imprevisíveis nas variações dos seus temperamentos, o desenrolar dos conflitos são abruptos e nem sempre lógicos.
Jonze tem a consciência de que o racional e a moral não são tão primordiais na mente de uma criança. Assim, a caracterização de suas criaturas é ambígua. Max é um ser humano infantil em estado bruto: pode ser encantador e meigo em alguns momentos, mas na maioria das oportunidades é impulsivo, violento e cruel. Os monstros também são instáveis em sua essência – atraem pelo seu humor melancólicos e causam temor por sua natureza inerentemente agressiva e instável. Em um instante brincam e se divertem em jogos com Max, em outro estão prontos para devorá-lo.
Na fronteira entre o real e o imaginário, Jonze não faz distinções. Não deixa claro se as aventuras de Max na ilha dos monstros são realmente apenas delírios do garoto. Até na sua forma de filmar, o diretor não faz a separação entre os planos de existência. No filme, sempre predomina uma fotografia de tons um pouco esmaecidos e de registro seco e objetivo, como se Jonze estivesse fazendo um documentário dentro de um sonho. Os enquadramentos, feitos em alguns momentos com câmera de mão, dão uma estranha impressão de filme caseiro. O efeito geral desses recursos é perturbador ao mostrar um universo difuso, em que dimensões que deveriam estar separadas mostram-se em sintonia natural.
Há detalhes em “Onde Vivem os Monstros” que ampliam ainda mais o seu impacto sensorial. Um deles é o extraordinário trabalho de dublagem dos monstros. As vozes escolhidas trazem uma grama intensa e variada de emoções, partindo de inflexões serenas e chegando a tons ameaçadores e rugidos, com destaque para James Gandolfini (o eterno Tony Soprano) que apenas com a voz dá uma fascinante dimensão trágica para Carol, o líder dos grotescos seres. Outro aspecto essencial da produção é a trilha sonora de Karen O, repleta de temas acústicos e cantigas que acentuam fortemente a conotação onírica de várias seqüências da película.
A exemplo de “Coraline”, outra produção cinematográfica de 2009 supostamente dirigida à garotada, “Onde Vivem os Monstros” representa muito mais uma assustadora jornada aos nossos medos e desejos interiores do que uma inocente diversão escapista. Na realidade, resgatam a verdadeira essência dos contos de fada: pequenas sagas de brutalidade, culpa e redenção.
Jonze tem a consciência de que o racional e a moral não são tão primordiais na mente de uma criança. Assim, a caracterização de suas criaturas é ambígua. Max é um ser humano infantil em estado bruto: pode ser encantador e meigo em alguns momentos, mas na maioria das oportunidades é impulsivo, violento e cruel. Os monstros também são instáveis em sua essência – atraem pelo seu humor melancólicos e causam temor por sua natureza inerentemente agressiva e instável. Em um instante brincam e se divertem em jogos com Max, em outro estão prontos para devorá-lo.
Na fronteira entre o real e o imaginário, Jonze não faz distinções. Não deixa claro se as aventuras de Max na ilha dos monstros são realmente apenas delírios do garoto. Até na sua forma de filmar, o diretor não faz a separação entre os planos de existência. No filme, sempre predomina uma fotografia de tons um pouco esmaecidos e de registro seco e objetivo, como se Jonze estivesse fazendo um documentário dentro de um sonho. Os enquadramentos, feitos em alguns momentos com câmera de mão, dão uma estranha impressão de filme caseiro. O efeito geral desses recursos é perturbador ao mostrar um universo difuso, em que dimensões que deveriam estar separadas mostram-se em sintonia natural.
Há detalhes em “Onde Vivem os Monstros” que ampliam ainda mais o seu impacto sensorial. Um deles é o extraordinário trabalho de dublagem dos monstros. As vozes escolhidas trazem uma grama intensa e variada de emoções, partindo de inflexões serenas e chegando a tons ameaçadores e rugidos, com destaque para James Gandolfini (o eterno Tony Soprano) que apenas com a voz dá uma fascinante dimensão trágica para Carol, o líder dos grotescos seres. Outro aspecto essencial da produção é a trilha sonora de Karen O, repleta de temas acústicos e cantigas que acentuam fortemente a conotação onírica de várias seqüências da película.
A exemplo de “Coraline”, outra produção cinematográfica de 2009 supostamente dirigida à garotada, “Onde Vivem os Monstros” representa muito mais uma assustadora jornada aos nossos medos e desejos interiores do que uma inocente diversão escapista. Na realidade, resgatam a verdadeira essência dos contos de fada: pequenas sagas de brutalidade, culpa e redenção.
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