O mote principal do roteiro de “Artigas – La Redota”
lembra muito o do clássico “Apocalypse Now” (1979), em que o desajustado Capitão
Willard (Martin Sheen) penetrava no coração das trevas das selvas do Vietnã, mediante
ordens do governo norte-americano, para matar o renegado coronel Kurtz (Marlon
Brando), que havia se tornado líder de uma comunidade de guerrilheiros. No
mencionado filme uruguaio, o atormentado oficial Calderón (Rodrigo Sancho), por
ordem da coroa, embrenha-se pelos pampas da antiga colônia espanhola para matar
Artigas (Jorge Esmoris), líder revolucionário da independência. Assim como
Willard foi afetado pelo carisma perturbador de Kurtz, Calderón também ficará
impressionado pelo ideário de Artigas a um ponto de comprometer sua missão
original. O filme do diretor Cesar Charlone propõe uma visão que se pretende
complexa, mostrando como a linha entre fatos históricos concretos e a lenda é
muito tênue. Tanto sua abordagem formal quanto a sua análise temática pendem para
o naturalismo, procurando fugir da linha épica. Na verdade, o que era para ser
um mérito acaba comprometendo a própria encenação de “Artigas – La Redota”.
Por vezes, a narrativa soa truncada, pouco natural, quase como se fosse um
daqueles episódios históricos recriados de forma institucional por algum
programa educativo de televisão, além das cenas de ação serem executadas de
forma um tanto desajeitadas. Tudo muito distante, portanto, daquele estética e
narrativa febris e de concepção virtuose de “Apocalypse Now”.
Um comentário:
Boa pedida para escavar
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