No meio dessa onda interminável de filmes de zumbi, “Juan
dos mortos” (2011) acaba se destacando de forma surpreendente. O diretor
Alejandro Bruqués, para começar, revela conhecimento ao preservar as sacadas
principais para obras do gênero: os mortos vivos são realmente nojentos, há
cenas impactantes e violentas que não se furtam de mostrar tripas e sangue e as
sequências de ação são bem dirigidas. Dessa forma, está léguas à frente de
produções assépticas como “Guerra Mundial Z” (2013). Ao mesmo tempo que
respeita alguns dos principais cânones do estilo, a produção acaba tendo uma
cara muito própria por saber explorar aquilo que tem de mais inusitado – o fato
de ser um filme de horror vindo de Cuba! Assim, um certo aspecto fuleiro da
encenação e o tom cômico da narrativa refletem o caráter de sátira política da
obra, ainda que a sua conclusão remeta a um forte teor nacionalista. Nesse
sentido, é admirável que Bruqués mantenha um equilíbrio artístico, em que “Juan
dos mortos” não cai na vala fácil do simples exotismo e revela um alcance
universal, mas também não abdica de suas particularidades regionais.
Um comentário:
Uma boa pedida vinda de um pequeno filme.
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