O fascinante em uma produção como “O que traz boas novas”
(2011) é a sua abordagem humanista e universal – a partir de um melodrama de
contornos que beiram o intimista, a obra avança sobre questões de um espectro
social muito maior. A trama se foca basicamente em dois tópicos chaves: as conseqüências
do suicídio de uma professora em pleno ambiente escolar e o processo de adaptação
do educador substituto, um imigrante argelino, no colégio. A partir disso, o
roteiro traz à tona uma série de conflitos e dilemas emblemáticos dos tempos
contemporâneos, tanto no que se refere à relação entre alunos e professores
como entre “nativos” e imigrantes. Ainda que o filme trafegue por uma estrutura
narrativa típica de melodrama convencional, o diretor Phillipe Fardeau propõe
um tratamento temático bastante contundente, não se furtando em alguns momentos
de construir uma atmosfera um tanto sufocante, sem que se perca, entretanto, a
sutileza necessária para se explorar as complexas nuances de algumas das relações
humanas que se estabelecem ao longo do filme. A elegância da direção de Fardeau
faz com que “O que traz boas novas” tenha uma condução dramática sóbria e
coerente, conciliando de forma admirável um certo cerebralismo ao radiografar
as distorções do sistema educacional no mundo contemporâneo e um toque
sentimental fundamental na criação de empatia com os personagens. A emocionante
cena de conclusão sintetiza com perfeição as intenções de Fardeau e seu filme.
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