Forçando um pouco a barra, dá para dizer que “O homem de aço”
(2013) compõe junto a “300” (2006) e “Watchmen” (2009) uma espécie de trilogia
dos quadrinhos do diretor Zack Snyder. Bem, do jeito que estão as coisas, é
provável que daqui poucos anos deixe de ser trilogia... Essa trindade
representa uma vertente equivocada de se verter HQs para o cinema. Em tal
concepção, basta combinar muitas cenas com pancadaria, bastante barulho e uma
atmosfera pós-moderna e pronto: aí está um bom produto para agradar fãs e neófitos.
Na realidade, o que se discute aqui não é o fato de tais versões serem fieis ou
não à mídia que lhes deram origem. O que incomoda nessas produções é o fato de
que como obras cinematográficas são experiências frustrantes. Nessa transposição
mais recente das aventuras do Superman para as telas, Snyder mostra que não há
limites para a sua falta de traquejo. O filme se pretende como uma espécie de
fusão entre aventura existencialista e ação desenfreada e na realidade não se
mostra satisfatório em nenhuma dessas direções, quanto mais na intenção de que
elas se misturem. No final das contas, parece uma colcha de retalhos de idéias e
referências que são muito mal-costuradas, colocadas na trama mais intenção de
soar “contemporâneo” do que por inspiração. Por vezes, Snyder procura emular
aquele tom metafísico e difuso de Terrence Malick, principalmente na abertura
que parece copiar o estilo de “A árvore da vida” (2011), mas está muito longe
de ter a classe estilística de Malick e beira o patético na sua pretensão de
soar “artístico”. Toda aquela seqüência que se desenvolve em Kripton dá a
impressão de um refugo da franquia “Guerra nas estrelas”. E o cerne da questão
dos excessos de violência e destruição nas partes de ação de “O homem de aço” não
está no lado moral, mas sim na forma burocrática e sem criatividade que Snyder
conduz tais cenas. Tais opções do cineasta configuram a grande contradição do
filme (a mesma que já havia marcado o irregular “Batman – O cavaleiro das
trevas ressurge”): para uma obra que se pretende tão séria e sombria, o
resultado final acaba soando alienado e infantil (nesse último caso, no pior
sentido do termo).
Um comentário:
ate concordo que o filme exagera em alguns momentos, principalmente no terceiro ato, mas o filme se preocupa na construção dos personagens e acima de tudo possui doses de emoções bem desenvolvidas. Nao e uma perfeição como o de 78, mas também não faz feio.
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