Um dos nomes considerados pilares da Nouvelle Vague, Jacques
Rivette não demonstrou em sua obra de estreia, “Paris nos pertence” (1961), o
mesmo grau de excelência artística que seus pares François Truffaut e Jean-Luc
Godard atingiram em seus respectivos debut, “Os incompreendidos” (1959) e “Acossado”
(1960). Ao assistir ao filme, pode-se perceber a procura de um estilo mais
definido, de uma narrativa melhor formatada. È inegável, entretanto, que em vários
momentos de tal produção há a presença de elementos que posteriormente em
outras obras se cristalizaram numa estética definitiva e indelével de Rivette.
Mesmo dotado de recursos limitados para
filmar, o cineasta já demonstra o instinto para enquadramentos de peculiar beleza,
assim como tangencia um diálogo criativo com outros meios de expressão como o
teatro e a literatura. O mistério e a fantasia, dois grandes norteadores de sua
filmografia, estão ali presentes, configurando um onirismo estranho e uma
atmosfera rarefeita, em que o fio de trama dá a aparência de que irá se desvanecer
a qualquer momento. A sensação final após a conclusão de “Paris nos pertence” é
semelhante ao de um sonho – não lembramos direito do que se trata a história,
mas permanece a recordação de algumas imagens sedutoras.
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