quinta-feira, agosto 29, 2013

Paris nos pertence, de Jacques Rivette ***


Um dos nomes considerados pilares da Nouvelle Vague, Jacques Rivette não demonstrou em sua obra de estreia, “Paris nos pertence” (1961), o mesmo grau de excelência artística que seus pares François Truffaut e Jean-Luc Godard atingiram em seus respectivos debut, “Os incompreendidos” (1959) e “Acossado” (1960). Ao assistir ao filme, pode-se perceber a procura de um estilo mais definido, de uma narrativa melhor formatada. È inegável, entretanto, que em vários momentos de tal produção há a presença de elementos que posteriormente em outras obras se cristalizaram numa estética definitiva e indelével de Rivette. Mesmo dotado de recursos limitados para filmar, o cineasta já demonstra o instinto para enquadramentos de peculiar beleza, assim como tangencia um diálogo criativo com outros meios de expressão como o teatro e a literatura. O mistério e a fantasia, dois grandes norteadores de sua filmografia, estão ali presentes, configurando um onirismo estranho e uma atmosfera rarefeita, em que o fio de trama dá a aparência de que irá se desvanecer a qualquer momento. A sensação final após a conclusão de “Paris nos pertence” é semelhante ao de um sonho – não lembramos direito do que se trata a história, mas permanece a recordação de algumas imagens sedutoras.

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