quinta-feira, agosto 08, 2013

Zownir: Homem radical, de M.A. Littler ***1/2


Como pode ser observado em outros filmes de M.A. Littler já comentados neste blog, o referido diretor alemão se interessa bastante pelo universo contracultural. Assim, é natural que a obra do fotógrafo, cineasta e escritor Miron Zownir tenha lhe chamado à atenção. “Zownir: Homem radical” (2006) é um tributo visceral de Littler para o seu biografado. A arte de Zownir tem como influência fundamental o preceito “do it yourself” do movimento punk rock. Assim, o seu trabalho sempre foi marcado pelo registro cru da sordidez dos subterrâneos culturais e mesmo existenciais, mas ao mesmo tempo extraindo disso tudo uma espécie de lirismo. Litler, que já havia demonstrado a sua admiração por artistas marginais e obscuros em obras como “Voodoo Rhythm – O gospel do rock’n’roll primitivo” (2005) e “The Dead Brothers – A morte não é o fim” (2006), oferece uma moldura estética em perfeita sintonia com as brutais concepções artísticas de Zownir: direção de fotografia preto-e-branco (o que até emula os instantâneos captados pelo artista), edição ágil combinando os depoimentos de Zownir com trechos do seu trabalho (onde teoria, vivência e prática se mostram ligadas de forma intrínseca), ambientação sombria. Assim, ao focalizar a história pessoal de um artista multimídia tão peculiar, Littler realiza também uma cortante radiografia do papel da cultura underground na contestação dos valores da sociedade ocidental.

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