Como pode ser observado em outros filmes de M.A. Littler já comentados
neste blog, o referido diretor alemão se interessa bastante pelo universo contracultural.
Assim, é natural que a obra do fotógrafo, cineasta e escritor Miron Zownir tenha
lhe chamado à atenção. “Zownir: Homem radical” (2006) é um tributo visceral de Littler
para o seu biografado. A arte de Zownir tem como influência fundamental o preceito
“do it yourself” do movimento punk rock. Assim, o seu trabalho sempre foi marcado
pelo registro cru da sordidez dos subterrâneos culturais e mesmo existenciais, mas
ao mesmo tempo extraindo disso tudo uma espécie de lirismo. Litler, que já
havia demonstrado a sua admiração por artistas marginais e obscuros em obras
como “Voodoo Rhythm – O gospel do rock’n’roll primitivo” (2005) e “The Dead
Brothers – A morte não é o fim” (2006), oferece uma moldura estética em
perfeita sintonia com as brutais concepções artísticas de Zownir: direção de fotografia
preto-e-branco (o que até emula os instantâneos captados pelo artista), edição ágil
combinando os depoimentos de Zownir com trechos do seu trabalho (onde teoria,
vivência e prática se mostram ligadas de forma intrínseca), ambientação
sombria. Assim, ao focalizar a história pessoal de um artista multimídia tão
peculiar, Littler realiza também uma cortante radiografia do papel da cultura
underground na contestação dos valores da sociedade ocidental.
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