quarta-feira, agosto 21, 2013

Tese sobre um homicídio, de Hernán Glodfrid **1/2


O culto por parte de alas da crítica e do público em relação ao cinema argentino contemporâneo merecia até um estudo. Afinal, os filmes dos hermanos são frequentemente citados como exemplos a serem seguidos em termos de produção latina. Depois que o superestimado “O segredo dos seus olhos” (2009) ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, tal admiração cresceu mais ainda. O que ocorre na realidade é que o cinema argentino prima por uma certa organização: a infraestrutura de produção é razoável, os roteiros têm certa fluidez, há diversidade de gêneros cinematográficos. Mas se há um padrão de qualidade nesse lado “logístico”, em termos criativos as coisas se complicam, pois a maioria dos filmes argentinos atuais prima pelo excessivo convencionalismo. “Tese sobre um homicídio” (2013) é exemplo perfeito dessa condição. A narrativa não tem maiores sobressaltos, fotografia e edição são competentes e no elenco prevalece o inegável carisma de Ricardo Darín. Só que o filme soa mecânico demais – dá para ver com clareza a estrutura de uma obra de “bom gosto”, mas que beira o insípido. O espectador até se envolve em determinados momentos, mas fica também com aquela incômoda sensação de já viu tudo aquilo antes de forma bem mais impactante em outras obras.

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