quarta-feira, agosto 14, 2013

O cavaleiro solitário, de Gore Verbinski ***1/2

Eu tenho a crença de que “Os imperdoáveis” (1992) marcou o fim dos faroestes como gênero cinematográfico contemporâneo, no sentido de que tanto em termos temáticos como formais não haveria mais o que acrescentar. O que veio depois consistiu basicamente em reciclagens e pastiches. Nesse último quesito é que pode ser classificado “O cavaleiro solitário” (2013). Apesar de sua trama se desenvolver dentro daquele período que foi objeto da grande parte das produções do gênero, a abordagem do diretor Gore Verbinski beira o paródico – está mais para um espalhafatoso filme de aventura moderno que se passa naquela época. A atmosfera da obra varia entre o exagerado e o grotesco. Os clichês dos faroestes estão todos ali, mas retorcidos de forma até perturbadora. Não é de estranhar, portanto, que a produção tenha sido um grande fracasso comercial; há doses de violência, perversidade e morbidez maiores que o habitual nos blockbusters. Tal escolha de direcionamento é adequada para o subtexto bastante crítico do filme em relação à história dos Estados Unidos na época do desbravamento do Oeste (exploração econômica, massacre de índios). Na verdade, pode-se dizer que o clima de “O cavaleiro solitário” é crepuscular, semelhante aos faroestes mais cínicos e brutais de Sergio Leone e Sam Peckinpah. Nesse sentido, a figura do índio Tonto (Johnny Depp) é uma síntese aproximada do espírito do filme: decadente, sardônico e melancólico. Tais idiossincrasias aliadas a um senso alucinado de Verbinski para cenas de ação inverossímeis geraram uma obra singular e que provavelmente acabará merecendo uma reavaliação mais cuidadosa por parte de crítica e cinéfilos daqui alguns anos.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Ainda não vi, portanto preciso tirar minhas propias conclusões. Infelizmente Cavaleiro Solitário se tornou o representante da má fase que as superproduções americanas andam passando.