O cinema francês vem cada vez mais incorporando influências
orientais em suas concepções, não só temática como na sua própria formatação
(na realidade, tal fenômeno é premente em boa parte dos países do continente
europeu). Fruto provável da cada vez maior massa de imigrantes que lá residem,
esse direcionamento também pode ser constatado em animações como “Zarafa”
(2012). A própria trama de tal produção é simbólica desse direcionamento:
baseada em fatos reais, mostra a saga envolvendo a viagem do Egito para a
França da primeira girafa que adentrou o território desse último país. Os
diretores Remi Bezançon e Jean-Christophe Lie conseguem obter uma síntese
bastante eficiente entre aventura e um tom mais reflexivo e contemplativo. A
atmosfera de “Zarafa” é de um misto de inocência, exotismo, mistério,
sensualidade e violência, e nesse sentido a beleza do traço da animação é
fundamental – por vezes, há uma certa rusticidade no grafismo, como se evocasse
o lado selvagem dos povos dos desertos na África, mas que envereda também por
uma arte de toques entre o onírico e o rebuscamento visual (nesse último caso,
quando a história passa a se concentrar em Paris). Essa alternância de estilos
estabelece uma narrativa cativante e que situa com precisão os dilemas e
contradições presentes no roteiro – a dicotomia de atração e repulsa que sempre
foi a tônica das relações entre Ocidente e Oriente.
Um comentário:
Otima pedia e ainda pretendo assistir
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