O delirante e o onírico ganham uma nova dimensão nas mãos de
Jacques Rivette em “Celine e Julie vão de barco” (1974). O filme parece meio
aleatório na sua estrutura narrativa – é como se a trama evoluísse por alguma
intuição do diretor e de suas protagonistas.
No roteiro, há duas histórias que por vezes correm paralelamente, e noutros
momentos se fundem de acordo com uma lógica surrealista. Ocorre, entretanto,
que esse direcionamento de fantasia não se prende aos ditames tradicionais do
cinema fantástico; na realidade, é como se fosse uma extensão das particulares
concepções artísticas de Rivette. Ele cria atmosfera e dinâmica rarefeitas para
buscar uma linguagem que seja própria do cinema, ainda que se utilize de alguns
preceitos da literatura e do teatro. Seu formalismo anti-naturalista dá uma sensação
ao espectador de se encontrar numa montanha russa sensorial. Se essa opção
criativa pode ser cansativa em algumas seqüências, em outras é estranhamente
sedutora, principalmente por evocar um cinema cujos maneirismos enveredam tanto
por uma direção de fotografia de tons granulados e esmaecidos (quase como se
fosse um vídeo caseiro) quanto por uma estética gótica de araque e um tanto irônica.
Para Rivette, as noções de realismo e linearidade só servem para serem
distorcidas em busca de um olhar livre e inquietante.
2 comentários:
Boa pedida
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