A temática da psiquiatria não é uma novidade no cinema,
principalmente no que diz respeito a roteiros inspirados em fatos reais. Do
emblemático “Freud além da alma” (1962) até o recente “Um método perigoso” (2011), o estudo
das doenças e meandros da mente renderam algumas obras de interesse. Nesse
caso, também pode ser enquadrada a produção francesa “Augustine” (2012), cuja
trama é baseada nos estudos sobre a histeria do professor Jean-Martin Charcot
(aqui interpretado com a habitual sobriedade de Vincent Lindon). A narrativa é
até bastante convencional e o próprio formalismo do filme não chega a
transcender dos limites do competente, além do roteiro por vezes enveredar por
um certo romantismo incômodo. Apesar de tais limitações, entretanto, o filme
ganha interesse pela sutileza com que expões contradições e dilemas. A
atmosfera sombria e rigorosa de “Augustine” traz em seu bojo a velha discussão
(mas ainda muito atual) do conflito entre o obscurantismo religioso contra a
busca da ciência por respostas mais verossímeis e humanas para os distúrbios
mentais. Na visão do filme, por mais que os métodos de Charcot possam ser
severos e por vezes de resultados duvidosos, ainda sim representam uma busca
mais digna do que o simples conformismo mistificador.
Um comentário:
Assistirei com certeza.
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