terça-feira, novembro 19, 2013

A bela que dorme, de Marco Bellochio ***1/2


Depois do barroquismo arrojado de “Vincere” (2009) e da simplicidade tocante de “Irmãs jamais” (2010), o diretor italiano Marco Bellochio enveredou por caminhos mais tradicionais em “A bela que dorme” (2010). Dentro desse aparente convencionalismo, o cineasta engedra uma narrativa sóbria e elegante, que por vezes até resvala num tom de melodrama, e acaba criando um panorama bastante crítico da atual sociedade italiana. A eutanásia é o mote central da trama e a partir de tal assunto o filme se equilibra entre o intimismo e questionamentos sociais e políticos, sem soar necessariamente panfletário. Para Bellochio não interessa agitar uma bandeira, mas sim enfocar as contradições e dilemas de um país dividido por crenças religiosas e jogadas políticas. Se o filme não traz as ousadias formais de outras obras do diretor, por outro lado se torna memorável pela serena contundência de sua abordagem.

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