Depois do barroquismo arrojado de “Vincere” (2009) e da
simplicidade tocante de “Irmãs jamais” (2010), o diretor italiano Marco
Bellochio enveredou por caminhos mais tradicionais em “A bela que dorme”
(2010). Dentro desse aparente convencionalismo, o cineasta engedra uma
narrativa sóbria e elegante, que por vezes até resvala num tom de melodrama, e acaba
criando um panorama bastante crítico da atual sociedade italiana. A eutanásia é
o mote central da trama e a partir de tal assunto o filme se equilibra entre o
intimismo e questionamentos sociais e políticos, sem soar necessariamente
panfletário. Para Bellochio não interessa agitar uma bandeira, mas sim enfocar
as contradições e dilemas de um país dividido por crenças religiosas e jogadas
políticas. Se o filme não traz as ousadias formais de outras obras do diretor,
por outro lado se torna memorável pela serena contundência de sua abordagem.
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