quinta-feira, novembro 07, 2013

Cinemania, de Angela Christlieb e Stephen Kijak ****

O título desse documentário, sua sinopse e mesmo os primeiros momentos do filme podem fazer supor que se verá uma espécie de declaração de amor ao cinema, ou quem sabe haverá discussões e comentários interessantes sobre clássicas produções ou pérolas obscuras. Pois bem, “Cinemania” (2002) até tem um pouco disso tudo, mas na essência é algo como uma sombria e irônica crônica sobre desajustados e perturbados. Como o documentário se passa em Nova Iorque, dá para dizer que se trata do outro lado do american way of life. Em algumas oportunidades os cinéfilos focados são bem articulados em suas considerações, em outras nem tanto, mas o que fica em evidência na maioria das cenas é uma relação compulsiva com o ato de ver filmes. Quando eles falam sobre isso, pode-se perceber que raramente há uma efetiva reflexão sobre o que assistem nas telas, com os cinéfilos apenas enumerando produções, contando causos excêntricos sobre suas relações obsessivas com cinema. O que predomina no documentário são criaturas solitárias, tristes, por vezes engraçadas, em outras até assustadoras. E os diretores Angela Christlieb e Stephen Kijak não se limitam a apenas colher depoimentos reveladores – eles têm senso cinematográfico notável nos registros ambientais que fazem, tanto das residências sujas e repletas de quinquilharias dos seus protagonistas como deles se movendo em seu “habitat natural” (no caso, salas de cinema). 

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