sexta-feira, novembro 29, 2013

Lost in La Mancha, de Keith Fulton e Louis Pepe ***1/2


Raras obras foram tão reveladoras dos bastidores da indústria cinematográfica quanto “Lost in La Mancha” (2012). E também da própria paixão pelo cinema. A intenção dos diretores Keith Fulton e Louis Pepe era fazer o registro das filmagens da versão para as telas do clássico literário “Dom Quixote” pela ótica muito particular do cineasta Terry Gillian. Acabaram, entretanto, documentando as etapas que levaram a produção em questão ao fracasso de não se realizar. Apesar do conteúdo melancólico de sua história, “Lost in La Mancha” empolga pela dimensão épica e trágica do calvário de Gillian para colocar em ação aquilo que habitava o seu imaginário. Por vezes, pode-se ver o que o filme poderia ter sido caso tivesse se efetivado, principalmente nas seqüências em que Gillian utiliza alguns nativos da região onde filma como gigantes. E isso acentua ainda mais a frustração tanto do diretor quanto dos apreciadores de cinema. Os empecilhos que surgem são de natureza diversa: uma tempestade que destrói um set de filmagens, atrasos na chegada de membros do elenco, falta de dinheiro, logística que se mostra insuficiente, o ator principal que acaba ficando doente gravemente. Aqueles que acham que fazer um filme se limita a inspiração e questões artísticas terão uma dura desilusão, pois “Lost in la mancha” evidencia que questões administrativas se mostram tão vitais para uma obra cinematográfica quanto a criatividade de um diretor.

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