Raras obras foram tão reveladoras dos bastidores da indústria
cinematográfica quanto “Lost in La Mancha” (2012). E também da própria paixão
pelo cinema. A intenção dos diretores Keith Fulton e Louis Pepe era fazer o
registro das filmagens da versão para as telas do clássico literário “Dom
Quixote” pela ótica muito particular do cineasta Terry Gillian. Acabaram,
entretanto, documentando as etapas que levaram a produção em questão ao
fracasso de não se realizar. Apesar do conteúdo melancólico de sua história, “Lost
in La Mancha” empolga pela dimensão épica e trágica do calvário de Gillian para
colocar em ação aquilo que habitava o seu imaginário. Por vezes, pode-se ver o
que o filme poderia ter sido caso tivesse se efetivado, principalmente nas seqüências
em que Gillian utiliza alguns nativos da região onde filma como gigantes. E
isso acentua ainda mais a frustração tanto do diretor quanto dos apreciadores
de cinema. Os empecilhos que surgem são de natureza diversa: uma tempestade que
destrói um set de filmagens, atrasos na chegada de membros do elenco, falta de
dinheiro, logística que se mostra insuficiente, o ator principal que acaba
ficando doente gravemente. Aqueles que acham que fazer um filme se limita a
inspiração e questões artísticas terão uma dura desilusão, pois “Lost in la
mancha” evidencia que questões administrativas se mostram tão vitais para uma
obra cinematográfica quanto a criatividade de um diretor.
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