segunda-feira, janeiro 27, 2014

Eu não faço ideia do que eu tô fazendo com a minha vida, de Matheus Souza *


Até dá para dizer que para o diretor Matheus Souza houve alguma melhora em relação ao pífio debut “Apenas o fim” (2008). Mesmo assim, “Eu não faço a menor idéia do que eu tô fazendo com a minha vida” (2011) está bem longe de ser uma experiência cinematográfica satisfatória. É aquela manjada combinação que a atual geração indie tanto gosta: tosquidão formal, citações e referências pop “espertas” e pretensos questionamentos existenciais sobre a sociedade. É mais ou menos como a tradução para um filme de uma canção da Malu Magalhães. Até mesmo a protagonista do filme, Clarice Falcão, se notabilizou como uma espécie de versão mais pop da Malu Magalhães... Mas voltando à produção em questão, a estética amadora (intencional ou não) pelo menos podia servir como desculpa para embalar um roteiro mais consistente, mas o texto do filme acaba sendo tão nas coxas quanto a edição e a fotografia. A trama levanta algum traço de contestação e ironia por vezes. No final das contas, entretanto, esbarra numa superficialidade irritante, além de uma tendência excessiva em caricaturizar todos os personagens. Assim, aquilo que era para soar dramático e contundente acaba perdendo muito de seu impacto, principalmente na seqüência em que Clara (Clarice Falcão) confronta o seu pai com os seus desejos e frustrações – pode-se até perceber ali vestígios de força e autenticidade que são soterrados pela pretensão blasé da obra.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Apenas o fim eu achei um filme bem superior