terça-feira, julho 29, 2014

O teorema zero, de Terry Gillian ***


É claro que quando se assiste a um filme do homem que deu ao mundo obras-primas como “Brazil, o filme” (1985), “Os doze macacos” (1995) e “Medo e delírio em Las Vegas” (1998) é normal que haja uma expectativa maior. E se alguém for ver “O teorema zero” (2013) pensando em termos de comparações com as produções mencionadas, é provável que se decepcione. Nessa sua obra mais recente, o cineasta Terry Gillian dá uma impressão constante de que está reciclando ideias formais e temáticas que já havia trabalhado de forma mais satisfatória em trabalhos anteriores, como personagens esquisitos e solitários, trama unindo noções de cientificismo e delírio e barroquismo visual. Por mais que haja tal frustração, entretanto, também isso pode ser considerado uma marca autoral do diretor, revelando coerência com suas habituais obsessões estéticas e existenciais. Há de se convir também que por vezes algumas seqüências da obra oferecem algum prazer sensorial, tanto pela concepção visual perturbadora que mistura sujeira e tecnologia quanto pelo humor perverso destilado pelo roteiro, além do elenco que traz composições dramáticas bastante viscerais (Christoph Waltz e David Thewlis impressionam em caracterizações que transbordam idiossincrasias e fragilidade emocional, enquanto Mélanie Thierry é encantadora no seu misto de erotismo sacana e meiguice).

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