A proposta artística do diretor bósnio Danis Tanovic em “Um
episódio na vida de um catador de ferro-velho” (2013) tem um certo grau de
ousadia, ao propor uma linguagem documental e de aparente desleixo formal para
contar a contundente história de privações e injustiça social na família de um
ex-soldado da guerra dos Bálcãs que no presente trabalha na informalidade. Por
vezes, o cineasta consegue extrair alguns momentos de efetiva tensão dramática
na sua encenação, estabelecendo em determinadas tomadas uma empatia do
espectador diante das agruras de seus personagens. O que prevalece na produção
em questão, entretanto, é uma impressão de enfadonho pela excessiva aridez de
sua narrativa. Tanovic aposta em excesso na comoção da história que conta,
deixando de lado uma elaboração mais envolvente na sua estética, fazendo com
que o filme não tenha qualquer sequência efetivamente memorável. O fato de
investir numa formatação naturalista não seria excludente na condição de
extrair uma poesia mais aguçada no seu olhar ou mesmo um sensorialismo
estimulante (vide, por exemplo, alguns clássicos do neo-realismo italiano).
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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