sexta-feira, julho 18, 2014

Alabama Monroe, de Felix Van Groening ***1/2


Uma produção belga cuja trama traz protagonistas que são músicos fanáticos por bluegrass já deixa claro logo de cara que se trata de algo um tanto atípico. “Alabama Monroe” (2012) aprofunda suas idiossincrasias ainda mais. Ainda que sua narrativa tenha um talhe clássico e sua concepção visual apresente uma limpidez de forte encanto, o filme propõe uma verdadeira montanha russa sensorial para o espectador. Há idas e vidas constantes no tempo narrativo, fazendo com que essa alternância entre passado e presente evoque sentimentos intensos e contrastantes entre desejo, harmonia familiar, morte e redenção, tudo isso para ilustrar uma história que tem por tema principal o questionamento tanto da fé religiosa quanto do racionalismo exacerbado. Assim, o filme transpira tanto uma forte carnalidade na crueza do seu erotismo e na violência dos embates emocionais entre o casal de protagonistas quanto um misticismo epifânico nas soluções intimistas do roteiro. Essa constante dualidade da obra traz um caráter perturbador e também cativante, atmosfera ambígua essa que mais se acentua pelos celestiais números musicais que permeiam a narrativa.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Ao lado de Azul é a cor mais quente, esse é outro filme que merecia o Oscar de filme estrangeiro.