O fato do roteirista de “Tim Lopes: Histórias de arcanjo”
(2013) ser filho do biografado acaba pesando de forma negativa para o documentário.
Não exatamente pelo fato de que isso tiraria o caráter objetivo da obra, mas
sim porque dá uma impressão de falta de foco da produção: o importante seria
contar a história de vida do repórter ou o buraco na relação com o seu filho
devido à sua morte prematura? A relação emocional de Bruno Quintella com a temática
de seu roteiro, por vezes, dá um certo tom condescendente à narrativa e até
impede que algumas questões pertinentes sejam aprofundadas, principalmente no
que diz respeito à responsabilidade da Globo na morte de Tim Lopes. É inegável,
entretanto, que o filme tem uma capacidade forte de encanto, sendo que isso
acontece pela força da história de Lopes. Os “causos” contados ao longo do
documentário por amigos, colegas e aparentes beiram o inacreditável tamanha a
sagacidade e cara-de-pau do protagonista, tudo isso ilustrado por farto
material de arquivo. No final das contas, é capaz do público não se questionar
tanto pelos motivos de seu assassinato por traficantes em 2002, mas sim pelo
fato de como isso não tenha acontecido antes diante do apetite de Lopes por matérias
perigosas com alto risco de vida.
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