quarta-feira, julho 02, 2014

Tim Lopes: Histórias do arcanjo, de Guilherme Azevedo **1/2


O fato do roteirista de “Tim Lopes: Histórias de arcanjo” (2013) ser filho do biografado acaba pesando de forma negativa para o documentário. Não exatamente pelo fato de que isso tiraria o caráter objetivo da obra, mas sim porque dá uma impressão de falta de foco da produção: o importante seria contar a história de vida do repórter ou o buraco na relação com o seu filho devido à sua morte prematura? A relação emocional de Bruno Quintella com a temática de seu roteiro, por vezes, dá um certo tom condescendente à narrativa e até impede que algumas questões pertinentes sejam aprofundadas, principalmente no que diz respeito à responsabilidade da Globo na morte de Tim Lopes. É inegável, entretanto, que o filme tem uma capacidade forte de encanto, sendo que isso acontece pela força da história de Lopes. Os “causos” contados ao longo do documentário por amigos, colegas e aparentes beiram o inacreditável tamanha a sagacidade e cara-de-pau do protagonista, tudo isso ilustrado por farto material de arquivo. No final das contas, é capaz do público não se questionar tanto pelos motivos de seu assassinato por traficantes em 2002, mas sim pelo fato de como isso não tenha acontecido antes diante do apetite de Lopes por matérias perigosas com alto risco de vida.

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