quarta-feira, outubro 15, 2014

O estudante, de Santiago Mitre ***


É quase óbvio classificar “O estudante” (2011) na vertente do gênero cinema político. Por mais que as desventuras sentimentais do protagonista Roque (Esteban Lamothe) pontuem a trama, o foco principal está no aprofundamento do seu envolvimento com a política estudantil universitária, com direto a boa parte dos truques textuais que um roteiro como esse exige – traições de correligionários, acordos obscuros, desilusões ideológicas. Na verdade, a abordagem do diretor Santiago Mitre é um tanto superficial sobre a sua temática. Não há aqueles momentos de ironias sutis ou lances dramáticos desconcertantes que grassavam com naturalidade nas melhores produções de nomes como Costa-Gavras ou Elio Petri (para ficar dentro do terreno do cinema político). Mitre prefere não arriscar e se contenta no terreno seguro de uma estrutura narrativa de “thriller”. É de se convir, entretanto, que faz isso com competência. “O estudante” é uma obra capaz de prender a atenção do espectador e criar alguma efetiva empatia com os seus personagens. Há ainda uma certa secura emocional pairando na obra, o que a voz de um narrador em terceira pessoa que por vezes irrompe ajuda a acentuar mais, dando ao filme uma maior contundência. A bela trilha sonora, misto de rock climático com percussões latinas, também é elemento fundamental na construção de uma tensão dramática diferenciada.

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