Ao contrário das animações blockbusters originárias de estúdios
como Disney, Pixar e Dreamworks, “Os Boxtrolls” (2014) não é o tipo de
lançamento no gênero que vai ser um fenômeno de bilheteria. Ainda que destinada
a princípio ao público infantil, sua atmosfera sombria e sua caracterização gráfica
mais “sujona” e estilizada, que por vezes evoca uma ambientação de pesadelo,
fará com que o filme se enquadre naquele nicho de obras mais cultuadas por
adultos, na linha de “Coraline e o mundo secreto” (2009) e “ParaNorman” (2012) –
não por acaso, lançados pela mesma produtora de “Os Boxtrolls”. É claro que está
lá o típico tom fabular moral e crianças e adolescentes podem curtir na boa o
filme, pois boa parte dos personagens, inclusive vilões, é de caracterização
cativante e as cenas de aventura são empolgantes no seu frenesi de ação frenética
e moderada violência. Mas é no seu subtexto que tal animação se sobressai ainda
mais, tanto no caráter simbólico da trama, que alude de forma até ácida a questões
espinhosas como preconceito e desigualdades sociais, como na construção psicológica
de alguns personagens, marcada por uma certa perversidade irônica e
desconcertante.
Um comentário:
Achei o filme bem inferior a Coraline e Paranorman, que são disparado os dois melhores do estúdio Laika. O grande problema do filme é que todos os personagens humanos são tão estranhos e absurdos que acaba sendo difícil se interessar pelos boxtrolls, que em comparação parecem inexpressivos, além de estarem meio que sobrando naquele mundo maluco. Se tivessem posto Archibald Snatcher e sua gangue de chapéus vermelhos diretamente em guerra com os aristocratas idiotas de chapéus brancos, isso já seria argumento suficiente para um filme. No fundo, os boxtrolls pareciam imitações sem graça dos minions.
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