segunda-feira, outubro 27, 2014

Uma família em Tóquio, de Yoji Yamada ***

Na comparação com “Era uma vez em Tóquio” (1953), obra da qual é uma refilmagem, “Uma família em Tóquio” (2013) claramente sai perdendo. O diretor Yoji Yamada não apresenta o mesmo rigor estético característico de Yasugiro Ozu – ao invés da exatidão daqueles expressivos planos-sequência estáticos do filme original, predomina um estilo mais tradicional de narrativa. Além disso, também não há aquela desconcertante abordagem emocional mais contida inerente ao estilo de Ozu, com Yamada se vinculado a um formato clássico de melodrama, ainda que reciclado para a época atual. Apesar da desvantagem na comparação, essa produção mais recente está longe de ser um mau filme (até porque tentar recriar aquele que é considerado por muitos o melhor trabalho da cinematografia japonesa é uma tarefa bem ingrata). É inegável a capacidade de “Uma família em Tóquio” envolver e comover o espectador com o humanismo que flui naturalmente tanto da trama de viés realista quanto do sutil formalismo impresso por Yamada. Os dilemas e conflitos que predominavam em “Era uma em Tóquio” são adaptados com sensibilidade para o mundo contemporâneo e ressaltam ainda mais a perenidade da obra-prima de Ozu.

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