A proposta artística do diretor alemão Christoph
Schlingensief para “Terror 2000” (1994) é interessante numa primeira impressão,
juntando a estranha ironia política-comportamental de Fassbinder (a presença de
Udo Kier não é gratuita), a fuleiragem demente das produções da Troma e o gosto
por figuras e situações esquisitas dos melhores filmes de John Waters. O
resultado final dessa equação, entretanto, é bem indigesta e desinteressante.
Como narrativa, a obra de Schlingensief naufraga pela ausência de fluência e
por uma tosquice formal enjoada. Se nas primeiras cenas os exageros e
escatologias da trama até conseguem por vezes serem engraçados, com o passar do
tempo se tornam apenas cansativos e beirando o insuportável. Dá para sentir em
alguns momentos que por trás de toda as loucuras e excessos que permeiam o
filme há um sentido político e existencial a retratar uma espécie de condição
da “alma alemã”. Mas essa pretensão de subtexto acaba se perdendo diante da
frouxidão da direção de Schlingensief.
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