quinta-feira, outubro 23, 2014

Terror 2000, de Christoph Schlingensief *


A proposta artística do diretor alemão Christoph Schlingensief para “Terror 2000” (1994) é interessante numa primeira impressão, juntando a estranha ironia política-comportamental de Fassbinder (a presença de Udo Kier não é gratuita), a fuleiragem demente das produções da Troma e o gosto por figuras e situações esquisitas dos melhores filmes de John Waters. O resultado final dessa equação, entretanto, é bem indigesta e desinteressante. Como narrativa, a obra de Schlingensief naufraga pela ausência de fluência e por uma tosquice formal enjoada. Se nas primeiras cenas os exageros e escatologias da trama até conseguem por vezes serem engraçados, com o passar do tempo se tornam apenas cansativos e beirando o insuportável. Dá para sentir em alguns momentos que por trás de toda as loucuras e excessos que permeiam o filme há um sentido político e existencial a retratar uma espécie de condição da “alma alemã”. Mas essa pretensão de subtexto acaba se perdendo diante da frouxidão da direção de Schlingensief.

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