terça-feira, fevereiro 23, 2010

Um Olhar do Paraíso, de Peter Jackson **1/2


É difícil de aceitar que o mesmo cineasta que transitou com febril criatividade por diferentes gêneros como a sátira de horror (“Fome Animal”), a ácida comédia de humor negro (“Meet The Fuckers”), o drama delirante baseado em fatos reais (“Almas Gêmeas”) e alucinadas aventuras escapistas (“O Senhor dos Anéis”, “King Kong”) possa ter se contentado em realizar uma obra tão insossa como “Um Olhar do Paraíso” (2009). Combinando uma rasteira trama espírita com visual new age, Jackson erra a mão na narrativa truncada e arrastada. A caracterização do limbo e do paraíso propiciada pelas trucagens digitais é burocrática e previsível como um asséptico comercial de sabonete. Já a trama da garota que é estuprada e morta e fica com a alma vagando no limbo com saudades da família e desejo de vingança é apresentada em um formato que combina misticismo, lições de vida edificantes e viés maniqueísta, tendo a mesma densidade dramática que alguma novela da Globo que verse sobre espiritismo. Para completar o equívoco, o elenco inteiro da produção oferece interpretações preguiçosas e pouco cativantes.

Como aspecto positivo, destaca-se em “Um Olhar do Paraíso” a expressiva trilha sonora, que junta serenos temas melancólicos compostos por Brian Eno a etéreas canções de Cocteau Twins e This Mortal Coil.

Um comentário:

Max disse...

Os espíritas não creem em limbo, como também em outras coisas mostradas na trama. Por isso e outras coisas mais, tenho que descordar de você nesse ponto. A trama não aborda espiritísmo e sim, vida pos morte, numa visão puramente católica.