segunda-feira, maio 16, 2011

Cúmplices, de Frédéric Mermoud ****



Um dos grandes méritos do diretor Fréderic Mermoud na produção francesa “Cúmplices” (2009) está na forma como os tempos narrativos (passado e presente) se entrelaçam sobriamente no desenrolar da trama. No início do filme, já sabemos que o jovem michê Vincent (Cyril Descours) foi assassinado. Cabe ao espectador assistir à reconstituição dos fatos que levaram ao crime, tanto pela investigação da dupla de policiais Hervé Cagan (Gilbert Menki) e Karine Mangin (Emannuelle Devos) como pela presença de flash backs. Mesmo que se saiba que o resultado vai ser a morte do garoto, além do fato que o possível autor do crime não será alguém tão surpreendente, Mermoud consegue obter uma atmosfera constante de tensão, principalmente pelo seu estilo seco e elegante de filmar, não havendo concessões ao se criar uma ambientação entre o sórdido e o hedonista para retratar a rotina de sexo, drogas e violência de Vincent. O diretor também insere no roteiro uma perspectiva temática que dá uma dimensão dramática de impacto para o filme. À medida que as investigações de Hervé e Karine se aprofundam, elementos da vida da vítima provocam uma certa reflexão por partes dos próprios investigadores sobre questões pessoais mal resolvidas. E a conclusão de “Cúmplices” dá ao filme uma forte e inesperada carga humanista, não muito típica para obras do gênero policial.

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