terça-feira, maio 31, 2011

Um Homem Que Grita, de Mahamat-Saleh Haroun ***



Mesmo com alguns excessos melodramáticos do roteiro e uma estrutura formal um tanto quanto convencional, “Um Homem Que Grita” (2010) consegue chamar atenção positivamente, e não só pelo exotismo de seu país de origem, a nação africana Chade. O diretor Mahamat-Saleh Haroun consegue estabelecer uma incômoda atmosfera de tensão de maneira sutil e silenciosa, fazendo que os conflitos íntimos dos personagens mantenham uma relação coerente com as questões sociais que estão de pano de fundo da trama. A notável ambientação opressiva do filme fica ainda mais acentuada pelo tom seco de algumas das escolhas formais de Haroun, principalmente pela ausência de temas musicais como trilha sonora e pela direção de fotografia que oferece uma áspera utilização de luz natural. E no meio desse constante clima pesado de “Um Homem Que Grita”, o diretor consegue oferecer breves e poéticos momentos de alívios em alguns belos enquadramentos, principalmente na comovente seqüência final, com o funeral em um rio de um dos personagens do filme.

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