Talvez “Ultraje” (2010) seja o filme de gângster mais “puro” de Takeshi Kitano. Dentro desse gênero, obras anteriores do diretor japonês como “Sonatine” (1993), “Hana Bi” (1997) e “Brother” (2000) traziam uma abordagem mais reflexiva em determinados momentos, entre as seqüências de tiroteios e demais brutalidades. Já esta produção mais recente de Kitano se concentra exclusivamente na ação, além da trama estar mais preocupada com os meandros das intrigas entre os bandidos de um clã da Yakuza do que em extrair elementos contemplativos. O próprio Kitano interpreta um tipo diverso daquele do sujeito durão que está em crise existencial; em “Ultraje”, seu personagem é apenas um sádico e arrivista subchefe em busca de mais poder na sua organização criminosa.
Na comparação, pode-se dizer que a diferença entre “Ultraje” e os filmes mais antigos de Kitano mencionados anteriormente é aquela que se pode fazer entre “Os Bons Companheiros” (1990) e “Cassino” (1995), ambos de Martin Scorsese: este último seria a versão mais exagerada do primeiro, colocando uma maior ênfase na violência, no sexo e na sordidez. Assim, “Ultraje” é um Kitano com um pé no acelerador na truculência. É de se enfatizar, entretanto, que o diretor faz isso com um notável senso barroco no filmar. Das cenas de reuniões entre os gângsteres até as várias tomadas de execuções à bala e agressões variadas (com destaque especial para perturbadora tortura com uma broca de dentista enfiada na mandíbula de um infeliz), há uma elegância extrema na encenação e nos enquadramentos de talhe clássico. O resultado final acaba sendo um extraordinário filme policial casca-grossa, daqueles que aparecem cada vez mais raramente nestes tempos de politicamente correto.
Na comparação, pode-se dizer que a diferença entre “Ultraje” e os filmes mais antigos de Kitano mencionados anteriormente é aquela que se pode fazer entre “Os Bons Companheiros” (1990) e “Cassino” (1995), ambos de Martin Scorsese: este último seria a versão mais exagerada do primeiro, colocando uma maior ênfase na violência, no sexo e na sordidez. Assim, “Ultraje” é um Kitano com um pé no acelerador na truculência. É de se enfatizar, entretanto, que o diretor faz isso com um notável senso barroco no filmar. Das cenas de reuniões entre os gângsteres até as várias tomadas de execuções à bala e agressões variadas (com destaque especial para perturbadora tortura com uma broca de dentista enfiada na mandíbula de um infeliz), há uma elegância extrema na encenação e nos enquadramentos de talhe clássico. O resultado final acaba sendo um extraordinário filme policial casca-grossa, daqueles que aparecem cada vez mais raramente nestes tempos de politicamente correto.
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