quarta-feira, maio 25, 2011

Route Irish, de Ken Loach ***1/2



Dentro do gênero cinema político, o diretor britânico Ken Loach continua mostrando que é mestre. O tema da Guerra do Iraque, com um viés crítico à postura dos Estados Unidos no conflito, vem sendo abordado com freqüência nas telas. No caso da obra mais recente de Loach, “Route Irish” (2010), a atenção fica voltada para a participação de mercenários contratados por conglomerados de segurança que combatem ativamente no país árabe. “Zona Verde” (2010), de Paul Greengrass, já havia utilizado uma temática semelhante. No caso da produção de Loach, entretanto, o buraco é bem mais embaixo. Para começar, a quantidade de cenas de ação e violência é bem mais econômica, mas quando as mesmas surgem, é de forma impactante – Loach faz questão de detalhar todas as nuances da sua encenação, como se quisesse evidenciar todo o horror e a brutalidade do conflito. Ele também não apela para o recurso batido de filmar a ação como se fosse um documentarista tosco no meio do conflito, com a câmera tremendo e tudo se transformando num grande borrão. No caso de “Route Irish”, a ação é filmada com clareza e sem trepidações, mesmo quando utiliza imagens originadas de celulares.

Loach também dá um passo além na forma com que analisa as consequências tanto da guerra como, principalmente, daqueles que participam da mesma. O mercenário Fergus (Mark Womack), ao investigar a estranha morte do companheiro Tommy numa ação de combate no Iraque, acaba descobrindo ainda que toda a violência e sordidez que envolvem a sua “atividade profissional” comprometeu a sua própria natureza de forma irremediável, tornando até mesmo insustentável a sua convivência normal em sociedade. Essa crueza que Loach atinge ao retratar a dimensão humana do protagonista dá um toque ainda mais perturbador ao seu thriller político.

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