quinta-feira, maio 05, 2011

A Minha Versão do Amor, de Richard Lewis **1/2



A equação cinema/literatura sempre foi um dilema na sua elaboração. O ato de adaptar uma obra literária para as telas traz o risco de fazer com que um filme abra mão das suas possibilidades criativas para que se limite a narrar de forma sistemática a “história” de um livro. “A Minha Versão do Amor” (2011) é uma prova dessa armadilha estética. Baseado em um cultuado livro de Mordechai Richler, a produção se comporta apenas como uma expressão visual da trajetória do protagonista Barney (Paul Giamatti repetindo os trejeitos de outros personagens desajustados que já interpretou). Algumas soluções narrativas são agradáveis, remetendo àqueles velhos dramas acre-doces setentistas, e mesmo a direção de arte revela um certo cuidado na reconstituição de épocas, quase como se brincasse com o imaginário que o espectador tem de tais períodos. Parte dos personagens apresenta também uma caracterização fortemente carismática. A impressão final, entretanto, é que todas essas boas qualidades vêm muito mais do texto original de Richler do que de possíveis méritos do filme.

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