Um olhar apressado sobre a sinopse de “O Estranho Caso de Angélica” (2010) poderia fazer supor se tratar de mais uma tradicional narrativa do gênero fantástico envolvendo fantasmas e afins. Nas mãos do mais que veterano diretor português Manoel de Oliveira, entretanto, as coisas não ficam assim tão simples. A história do fotógrafo que se apaixona por uma bela jovem já falecida (a Angélica do título) extrapola o caráter mórbido e toma os contornos de uma alegoria sobre um Portugal que mais existe no nosso imaginário do que na própria realidade. Isso se evidencia na ambientação da produção, que trafega por uma espécie de atemporalidade, em que o passado e o presente não apresentam uma delimitação tão clara, assim como o urbano e o rural parecem se digladiar ao longo da trama. Esse olhar nostálgico de Oliveira contamina a própria encenação da obra, tanto que nas sequências em que aparece o fantasma de Angélica os efeitos especiais possuem certo caráter “fuleiro” – o cineasta não busca aquele efeito do que “parece real”, mas sim aquele que remete a um cinema que beira o artesanal e que se aproxima da pintura.Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
quinta-feira, maio 19, 2011
O Estranho Caso de Angélica, de Manoel de Oliveira ***
Um olhar apressado sobre a sinopse de “O Estranho Caso de Angélica” (2010) poderia fazer supor se tratar de mais uma tradicional narrativa do gênero fantástico envolvendo fantasmas e afins. Nas mãos do mais que veterano diretor português Manoel de Oliveira, entretanto, as coisas não ficam assim tão simples. A história do fotógrafo que se apaixona por uma bela jovem já falecida (a Angélica do título) extrapola o caráter mórbido e toma os contornos de uma alegoria sobre um Portugal que mais existe no nosso imaginário do que na própria realidade. Isso se evidencia na ambientação da produção, que trafega por uma espécie de atemporalidade, em que o passado e o presente não apresentam uma delimitação tão clara, assim como o urbano e o rural parecem se digladiar ao longo da trama. Esse olhar nostálgico de Oliveira contamina a própria encenação da obra, tanto que nas sequências em que aparece o fantasma de Angélica os efeitos especiais possuem certo caráter “fuleiro” – o cineasta não busca aquele efeito do que “parece real”, mas sim aquele que remete a um cinema que beira o artesanal e que se aproxima da pintura.
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