A base da trama da produção polonesa “Erratum” (2010) é simples, quase manjada mesmo: Michall (Tommy Kot), homem maduro bem estabelecido profissionalmente que vive há anos em Varsóvia, é obrigado por uma contingência de trabalho a voltar para a cidade interiorana em que nasceu e cresceu para executar um pequeno serviço. Acaba atropelando e matando um mendigo e é obrigado a permanecer mais alguns dias na localidade para resolver detalhes formais. Isso o faz reencontrar o pai e amigos, pessoas essas com quem têm pendências emocionais mal-resolvidas. Com isso, faz uma espécie de reavaliação do passado e, por consequência, da própria vida. Apesar dessa previsibilidade temática, o cineasta Marek Lechki consegue extrair algumas sequências cativantes no filme, principalmente nas tomadas que envolvem as peregrinações noturnas de Michall pela sua cidadezinha natal, onde utiliza uma fotografia de tons sombrios e granulados que dá a tais cenas uma conotação que beira o onírico. Interessante também no filme é o significado metafórico que a morte do mendigo vai adquirindo com o desenrolar da trama, como se ilustrasse as descobertas existenciais do protagonista. No final das contas, “Erratum” pode até não apresentar nada de novo ou especialmente brilhante em termos formais, mas acaba criando uma certa empatia pela forma honesta com que expõe os conflitos de seus personagens, o que acaba criando um fator de identificação com o espectador.
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