O cinema do diretor alemão Werner Herzog costuma ser
dividido em duas vertentes – ficções e documentários. Em ambos, o cineasta mantém
a sua forte linha autoral, em uma abordagem formal e temática que varia
estranhamente entre o naturalismo e o barroco. Em “Além do infinito azul”
(2006), tal distinção fica difusa: há uma trama de ficção científica, de viés
humanista, mas Herzog utiliza uma concepção estética que se baseia muito na
montagem, misturando sem cerimônias uma encenação delirante com trechos de
documentários. Tomadas marinhas são mostradas como se retratassem um outro
planeta, resultando em seqüências de beleza perturbadora. Herzog sabe que o
poder de seu cinema não está no “contar uma história”, mas sim no nível
sensorial que suas imagens e sons podem alcançar. Nesse sentido, “Além do
infinito azul” acaba sendo uma experiência inquietante dentro do imaginário
cineatográfico.
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