terça-feira, agosto 07, 2012

Flores do Oriente, de Zhang Yimou ***1/2


É inegável que Zhang Yimou abusa de alguns clichês narrativos em “Flores do Oriente” (2011), principalmente no tom lacrimoso de algumas seqüências e na trilha sonora de viés excessivamente sentimental. Ainda mais que no gênero melodrama o diretor chinês havia obtido um equilíbrio artístico notável em “A árvore do amor” (2010). Mesmo assim, esse filme mais recente de Yimou se coloca muito acima da média. As cenas de guerra revelam um cuidado formal extraordinário na sua combinação de crueza realista e sentimento épico, com direito inclusive a uma seqüência antológica, em que um oficial chinês enfrenta sozinho um regimento japonês, mostrando que Yimou continua mestre no cinema de ação (afinal, é o mesmo cara que concebeu as aventuras alucinadas de “Herói” e “O clã das adagas voadoras”). Seu lado esteta também aflora nos momentos mais sutis da obra, ainda mais quando entram em cena as prostitutas em busca de refúgio em uma igreja – no meio de uma ambientação cinzenta e de ruínas, as figuras coloridas e delicadas das meretrizes atingem um ponto de contraste perturbador. E por mais que se possa acusar que o roteiro possui viradas marcadas por um certo grau de manipulação emocional um tanto ostensiva, é evidente que há genuínos momentos comoventes em termos de melancolia e pungência.

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