É inegável que Zhang Yimou abusa de alguns clichês
narrativos em “Flores do Oriente” (2011), principalmente no tom lacrimoso de
algumas seqüências e na trilha sonora de viés excessivamente sentimental. Ainda
mais que no gênero melodrama o diretor chinês havia obtido um equilíbrio artístico
notável em “A árvore do amor” (2010). Mesmo assim, esse filme mais recente de
Yimou se coloca muito acima da média. As cenas de guerra revelam um cuidado
formal extraordinário na sua combinação de crueza realista e sentimento épico,
com direito inclusive a uma seqüência antológica, em que um oficial chinês
enfrenta sozinho um regimento japonês, mostrando que Yimou continua mestre no
cinema de ação (afinal, é o mesmo cara que concebeu as aventuras alucinadas de “Herói”
e “O clã das adagas voadoras”). Seu lado esteta também aflora nos momentos mais
sutis da obra, ainda mais quando entram em cena as prostitutas em busca de refúgio
em uma igreja – no meio de uma ambientação cinzenta e de ruínas, as figuras
coloridas e delicadas das meretrizes atingem um ponto de contraste perturbador.
E por mais que se possa acusar que o roteiro possui viradas marcadas por um
certo grau de manipulação emocional um tanto ostensiva, é evidente que há genuínos
momentos comoventes em termos de melancolia e pungência.
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