As intenções temática e formal de “O corvo” (2012) até
parecem promissoras: uma narrativa de ficção que mistura fatos da vida escritor
Edgar Allan Poe com algumas das principais passagens de seus livros. O
resultado final, entretanto, acaba soando mais como uma picareta releitura pop
contemporânea, na linha das recentes produções da franquia “Sherlock Holmes”.
Por mais que se possa identificar as inúmeras referência à obra de Poe, o
roteiro mais parece uma colcha de retalhos superficial a tentar dar algum
estofo artístico ao roteiro genérico dentro do gênero “suspense com psicopata”,
cuja maior preocupação é descobrir quem é o assassino. A direção de arte e
fotografia têm uma certa competência, mas nada que transcenda em termos estéticos
e criativos. O fato de se usar a figura de Poe e a sua literatura só fica no
nome mesmo, pois a essência sombria, complexa e delirante dos melhores contos
do artista está ausente tanto no roteiro como na atmosfera do filme.
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